23 de julho de 2025

Fim das bulas impressas? Entenda o que está em jogo e como sua farmácia pode se preparar

Fim das bulas impressas? Entenda o que está em jogo e como sua farmácia pode se preparar

A digitalização das bulas começa a avançar no Brasil. A Anvisa voltou a discutir o fim das bulas impressas em algumas categorias de medicamentos, como amostras grátis e fármacos destinados a hospitais, clínicas e atendimento domiciliar.

Embora a medida não atinja, por ora, os produtos vendidos diretamente ao consumidor nas farmácias, o movimento sinaliza uma tendência que pode ganhar força nos próximos anos.

Hoje, a bula impressa continua obrigatória para todos os medicamentos vendidos no varejo, seja dentro das embalagens ou, no caso de medicamentos manipulados, fornecida separadamente pela farmácia. Esse material é padronizado, aprovado pela Anvisa e cumpre a função de informar sobre composição, indicações, posologia, efeitos colaterais e riscos.

No entanto, muitas vezes o conteúdo é extenso, com linguagem técnica, letras pequenas e pouco acessíveis ao consumidor comum. Na prática, farmácias e consumidores enfrentam desafios tanto no manuseio quanto na compreensão das bulas. É comum que pacientes cheguem ao balcão com dúvidas mesmo após a leitura do folheto.

Em casos de perda ou descarte da embalagem, a falta da bula física pode dificultar o uso adequado do medicamento, especialmente entre pessoas idosas ou com pouco acesso à internet.


Bulas digitais: avanço tecnológico ou exclusão?

A digitalização tem sido apontada como uma solução moderna e eficiente. Atualizações em tempo real, redução de papel, integração com plataformas de saúde: tudo isso pode tornar a bula mais dinâmica e conectada à realidade do paciente.

Por outro lado, especialistas e entidades de defesa do consumidor alertam que a mudança pode excluir milhões de brasileiros com pouco acesso à tecnologia ou habilidades digitais básicas.

Para o varejo farmacêutico, a digitalização pode trazer uma demanda ainda maior por orientação presencial, colocando o farmacêutico como elo principal entre o paciente e a informação confiável.


O que sua farmácia pode fazer desde já:


●      Reforce o treinamento da equipe para responder dúvidas sobre posologia e efeitos colaterais;

●      Crie um procedimento interno para ajudar clientes a acessar a bula digital por QR Code ou site da Anvisa;

●      Prepare seu PDV para lidar com diferentes perfis de público, inclusive os que não usam smartphone ou internet;

●      Monitore as decisões da Anvisa e atualizações normativas, ajustando-se rapidamente quando necessário.

Mais do que uma mudança de formato, o fim das bulas impressas pode transformar a experiência do consumidor na farmácia. Antecipar-se é a melhor estratégia para manter a confiança e a segurança no atendimento.


Foto: iStock.com/nicoletaionescu 

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