17 de julho de 2017

Dor de cabeça: a importância da orientação farmacêutica assertiva

Dor de cabeça: a importância da orientação farmacêutica assertiva

Quando se fala em dor de cabeça de um modo geral, os dados são alarmantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das mais comuns formas de cefaleia, a enxaqueca, atinge em torno de 15% da população mundial e, só no Brasil, são mais de 30 milhões de pessoas sofrendo com essa doença (1).  

E quando se entra na questão da automedicação contra a dor de cabeça, os números também assustam. Uma pesquisa realizada pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN), com o apoio do seu Departamento Científico de Cefaleia, com 2.318 participantes, mostrou que 81% desses indivíduos tomam medicamentos sem aconselhamento profissional. 
 
Para Rodolpho Telarolli Junior, professor adjunto de saúde pública da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP (Campus de Araraquara), o hábito de automedicar-se é perigoso, pois pode mascarar um quadro mais sério de saúde, o qual poderia ser identificado rapidamente caso o paciente procurasse assistência médica ou farmacêutica.  

“A maior parte dos tipos de dor de cabeça são inocentes, não indicando alguma coisa mais séria, mas existem formas que são mais perigosas já que podem ser um sintoma de algo mais grave. É justamente nessas circunstâncias que a orientação farmacêutica é mais preciosa, podendo prevenir situações mais críticas ou até salvar a vida dos clientes. Por exemplo: dores que sinalizam o início de uma doença infecciosa como uma meningite ou encefalite, ou a ocorrência de algum problema neurológico como um acidente vascular cerebral ou a ruptura de um aneurisma. Vale lembrar que tanto a dor de cabeça que vai piorando progressivamente quanto aquela que é acompanhada de dificuldades para falar, confusão mental e desequilíbrio, ou de náuseas e vômitos, são preocupantes”, adiciona Rodolpho.  

Os perigos da automedicação 
Rodolpho explica que, por sua eficácia e pelo amplo uso em automedicação, os analgésicos não opiáceos como a dipirona, o ibuprofeno e o paracetamol, merecem destaque como produtos que podem trazer mais riscos à população quando usados contra a dor de cabeça, ao lado dos anti-inflamatórios não esteroidais, com destaque para o cetoprofeno e o naproxeno. Os relaxantes musculares também podem eliminar sinais que acompanham algumas cefaleias como as tensionais, com dores na região das articulações temporomandibulares ou na cervical.  

O professor ainda ressalta que o uso dos fármacos tarjados sempre pede mais cuidados, tanto por seus possíveis efeitos adversos como por sua maior capacidade de cortar sintomas, como a dor de cabeça. “Um anti-inflamatório não esteroidal, por exemplo, tem uma forte eficácia para eliminar dores de cabeça severas, associadas a problemas neurológicos em andamento. E outros, como aqueles à base de cetoprofeno, são muito potentes e isentos de prescrição médica no Brasil. O uso desses medicamentos podem, igualmente, mascarar patologias mais sérias em andamento, cujo primeiro indício de alerta é uma dor de cabeça”. 

Outro fator que deve ser levado em consideração pelos profissionais da farmácia para orientarem seus clientes sobre os remédios para dor de cabeça é questão da interação medicamentosa. Rodolpho comenta que os produtos mais utilizados para esse tipo de dor pode afetar outros tratamentos. Segundo o professor, os anti-inflamatórios costumam elevar a pressão arterial bem como aumentar os níveis de glicemia, o que pode ser particularmente danoso nos indivíduos que são hipertensos ou diabéticos. “O uso de corticosteroides contra a dor de cabeça também deve ser acompanhado do monitoramento dos níveis da pressão arterial e da glicemia, pois podem alterar esses dois sinais das funções vitais”.   

A importância da orientação farmacêutica assertiva nos quadros de dor de cabeça 
De acordo com Rodolpho, a automedicação é um hábito presente entre 75% a 90% da população brasileira, segundo pesquisas, sendo comum em todas as classes sociais, independentemente da renda e escolaridade, o que demonstra o forte fundo cultural dessa prática. Além disso, as famílias têm a mania de guardar sobra de remédios.  

Diante desses fatores, o professor destaca que, por ser um profissional mais acessível e presente em todas os estabelecimentos e por utilizar uma linguagem mais próxima do público, auxiliando e orientando sobre o uso dos produtos RX e MIPs, o farmacêutico tem um papel fundamental na redução da automedicação e dos possíveis danos causados por ela nos consumidores brasileiros.  

“A adoção de ações educativas é uma medida poderosa e sempre bem-vinda. Campanhas com o uso de diversos tipos de mídia (impressa e digital) têm grande potencial em estimular o uso racional dos medicamentos em geral e para a dor de cabeça. Por exemplo: atividades as quais mostrem quais são os sinais de alerta para as dores de cabeça mais perigosas (de início recente, duradouras, com aumento progressivo da intensidade, pulsáteis, acompanhadas de febre e de sintomas neurológicos) são muito bem-vindas”, finaliza.  

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Referências 
(1) Dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia.

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